segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Pensamentos definitivos

Tem pessoas que conseguem colocar em um só texto tudo que a gente sempre sentiu, mas nunca conseguiu definir. Pra mim, um bom exemplo era o Renato Russo. Sempre que eu escuto uma música dele eu penso "Puxa vida, não é que é desse jeitinho mesmo? Como que o cara sabe que é exatamente assim que eu me sinto?"

Eu achei esse texto no Paraíso Surreal, da Silvinha, que é um blog que eu adoro... É tão bacana que eu tive que pedir licensa pra postar por aqui.

O texto é da Adriana Falcão e faz parte do livro "Mania de Explicação".
Enjoy it.


SIGNIFICADOS

Muito é quando os dedos da mão não são suficientes.
Pouco é menos da metade.
Ainda é quando a vontade está no meio do caminho.
Lágrima é um sumo que sai dos olhos, quando se espreme o coração.
Amizade é quando você não faz questão de você e se empresta para os outros.
Vergonha é um pano preto que você quer para se cobrir naquela hora.
Solidão é uma ilha com saudade de barco.
Abandono é quando o barco parte e você fica.
Saudade é quando o momento tenta fugir da lembrança para acontecer de novo e não consegue.
Lembrança é quando, mesmo sem autorização, seu pensamento reapresenta um capítulo.
Ausência é uma falta que fica ali presente.
Tristeza é uma mão gigante que aperta seu coração.
Interesse é um ponto de exclamação ou de interrogação no final do sentimento.
Sentimento é a língua que o coração usa quando precisa mandar algum recado.
Emoção é um tango que ainda não foi feito.
Desejo é uma boca com sede.
Paixão é quando apesar da palavra “perigo” o desejo vai e entra.
Excitação é quando os beijos estão desatinados pra sair da sua boca depressa.
Angústia é um nó muito apertado bem no meio do sossego.
Ansiedade é quando sempre faltam cinco minutos para o que quer que seja.
Preocupação é uma cola que não deixa o que ainda não aconteceu, sair de seu pensamento.
Indecisão é quando você sabe muito bem o que quer, mas acha que devia querer outra coisa.
Agonia é quando o maestro de você se perde completamente.
Sucesso é quando você faz o que sempre fez, só que todo mundo percebe.
Sorte é quando a competência encontra com a oportunidade.
Ousadia é quando a coragem diz para o coração: “Vá!” e ele vai mesmo.
Lealdade é uma qualidade dos cachorros, que nem todo ser humano consegue ter.
Decepção é quando você risca em algo ou em alguém um xis preto ou vermelho.
Razão é quando o cuidado aproveita que a emoção está dormindo e assume o mandato.
Prudência é um buraco de fechadura na porta do tempo.
Lucidez é um acesso de loucura ao contrário.
Pressentimento é quando passa em você um trailer de um filme que pode ser que nem exista.
Intuição é quando seu coração dá um pulinho no futuro e volta rápido.
Vontade é um desejo que cisma que você é a casa dele.
Culpa é quando você cisma que podia ter feito diferente, mas, geralmente, não podia.
Raiva é quando o cachorro que mora em você mostra os dentes.
Perdão é quando o Natal acontece em Maio, por exemplo.
Renúncia é um não que não queria ser.
Vaidade é ter um espelho onisciente, onipotente e onipresente.
Amigos são anjos que nos levantam quando nossas asas estão machucadas.
Felicidade é um agora que não tem pressa nenhuma.
Sorriso é a manifestação dos lábios quando os olhos encontram o que o coração procura.
Desculpa é uma palavra que pretende ser um beijo.
Beijo é um procedimento inteligentemente desenvolvido para a interrupção mútua da fala quando as palavras tornam-se desnecessárias.
Amor é quando a paixão não tem outro compromisso marcado.
Não.
Amor é um exagero... também não.
É um cuidar de... Uma batelada de carinho?
Um exame, um dilúvio, um mundaréu, uma insanidade, um destempero, um despropósito, um descontrole, uma necessidade, um desapego?

Um comentário:

Anônimo disse...

Excelente. Nada a dizer, só a ler.