quinta-feira, 12 de abril de 2007

Bonitinho mas ordinário

Vou começar a colocar a mão na massa com uma das coisas que eu mais amo odiar: filme tosco. A bola da vez é um blóquibãster que muita gente gostou e poucas detestaram. Claro que eu só poderia fazer parte dessa minoria. O filme em questão é o 300.

O visual promete, mas o roteiro não cumpre. Pra começar, ele é um ode à violencia e ao ódio. A pior coisa que pode acontecer, para um espartano, é demonstrar um sentimento. Todas as "minorias" estão representadas no exército "malvado". O negro, o gay, o deficiente físico, o oriental.

As mulheres, nem se fala. Só servem como moeda de troca, seja a rainha oferecendo-se para conseguir apoio, seja as peladonas que o Rei Xerxes oferece para aquele traidor que não me lembro o nome. Elas nem têm nomes, tadinhas. Ou alguém se lembra o nome da rainha? Ah, como é um filme pra homens, todas tem que mostrar os peitos. Eu fiquei com medo de sair do cinema com bigode, nunca vi tanta testosterona na vida.

Os efeitos visuais são um capítulo à parte. Na primeira vez que aparece a tal da câmera lenta, você até pensa "efeito bacaninha, hein?", da segunda vez você pensa "puxa, de novo?", na milésima vez que aparece uma gotinha de sangue caindo em câmera lenta você pensa "p****, dava pra ter feito esse maldito filme em 15 minutos se fosse tudo na velocidade normal". Os efeitos visuais são até interessantes, mas usados de forma errônea, primária e desnecessária.

Outra coisa. Os espartanos lutam pela liberdade. Parece o discurso de alguém que eu conheço? Também lutam pela razão. Peraí. Razão??? O Rei Persa não começou a guerra, tentou resolver tudo de forma diplomática, tentou evitar o derramamento de sangue. Agora o espartano não, foi à guerra de forma totalmente tirânica, contra a vontade dos líderes religiosos e contra o conselho. O cara é um ogro e ainda declara que "sente muito não ter mais vidas para sacrificar". Pra mim, guerra por si só já é a coisa mais estúpida do mundo, mas me fala quem é que tava com menos razão nessa história.

Um exército que fica gritando "uh -raaaa" toda hora (eu morria de rir toda vez que eles davam esse gritinho), igual um bando de macaco, e luta de cuecas, em vez de proteger melhor o corpo, não me parece muito inteligente, nem muito menos racional.

Outra coisa que me incomodou, fica sempre a impressão que são 30 espartanos e não 300. Principalmente na hora que aparece a menina da aldeia. Filme de batalha assim tem que mostrar muita gente, não é? Mas o que mais me irritou mesmo foi aquela narração off nojenta, que ficava mais ridícula ainda com um texto tão pobre. A única coisa que me anima é que gastaram pouco pra fazer esse filme. Menos dinheiro jogado fora. O post é longo, mas a culpa é do filme.

2 comentários:

Anônimo disse...

O texto é delicadamente ácido e recheado de gomos azedos, mas num deixa de ser EXCELENTE!!!
Vai uma limonada??? HAHAHAHAHAHA...
Parabéns Limão, vc sempre surpreende.

Anônimo disse...

O filme, não é lá essas coisas mesmo. Não é nenhum merecedor da estatueta dourada tão cobiçada de Los Angeles. O que pode salvá-lo sãos os cenários e olhe lá..... Mas neste ponto, francamente eu gostei do tipo proposto pelo autor, roteirista e cenografista.......Gostei mesmo, um bom entretenimento. Mas culturalmente e históricamente o povo espartano É e SEMPRE foi daquela maneira. Não sei se é um retrato fiel, mas acho, na minha humilde opinião, que passa perto. Tem seus defeitos, mas eram suas caracteristicas. E o que seria do Cinema Norte-Americano e Mundial, sem nudez - sexo - violência - homofobia - machismo - etc.... O que seria, me diga?. Não devemos concordar 100% com o que assistimos. Mas a sétima arte é isso. Devemos saber selecionar o que vemos. Depois que assistir, não adianta espernear, quem mandou entregar o tíquete para o bilheteiro, heim ???. Essa foi a minha limãozada de hj. Abraços.